Plano de aula em ambientes eletrônicos: O aluno deve ter o controle sobre o aprendizado?

Os cursos oferecidos por internet apresentam várias características que podem literalmente estimular ou criar um cenário de desastre, no que refere aos objetivos educacionais. Esse problema é mais evidente em cursos assíncronos, em que alguns sistemas LMS como o próprio Moodle permitem que o aluno tenha controle sobre a seqüência de aprendizagem. Mesmo essa não sendo uma característica única do Moodle, a maioria dos sistemas LMS apresentam seqüências de aprendizagem lineares, com os alunos tendo pouco ou nenhum controle sobre quais partes assistir ou pular dentro do plano de aula.

Nesse tipo de sistema as aulas são passadas como apresentações de slides, em que as pessoas só podem pressionar o botão “próximo” após alguns segundos de consulta ao slide atual, para garantir a consulta ao material. Isso é muito comum em treinamentos corporativos, mas é uma prática que começa a encontrar adeptos em ambientes acadêmicos.

A pergunta que temos que fazer é; qual o melhor método?

Day 253: Last Arabic Lesson

A resposta para essa pergunta é difícil, dependendo muito do público alvo e dos objetivos da disciplina. Quem trabalha com educação, sabe que existe uma grande parcela dos alunos que se pudesse, faria apenas as avaliações para tentar “se livrar” da disciplina. Isso tem reflexos nos ambientes virtuais de aprendizagem, com muita gente tentando fazer as atividades, sem consultar e assimilar os conteúdos.

Posso dizer por experiência própria, que o controle dos alunos sobre o aprendizado é bom apenas em níveis mais altos de educação, como cursos de pós-graduação em que a maturidade dos alunos para o processo é muito maior. Mesmo assim ainda é fácil encontrar dentro dos cursos a distância alunos que fazem apenas as atividades e não consultam os conteúdos.

A possibilidade de obrigar os alunos a consultar um determinado conteúdo em ambientes virtuais é tão importante, que está sendo desenvolvido um sistema de pré-requisitos para o Moodle 2.0. Hoje, isso ainda é um recurso que faz falta no Moodle, mas que pode ser contornado com critérios claros de participação para os alunos. Por exemplo, ao começar uma nova disciplina, o tutor a distância pode marcar conversas em chats ou criar atividades que demandem conhecimento do assunto, como a análise de textos ou interpretação de pesquisas. Tudo com base no conteúdo.

Podemos fazer o seguinte sumário dos tipos de controle:

  • Seqüência livre: Aqui os alunos têm liberdade para escolher o que será consultado, inclusive escolher se querem ou não pular partes do conteúdo. Como são necessários maturidade e conhecimento prévio do conteúdo, para que a exclusão de qualquer assunto da seqüência de aprendizado não seja prejudicial ao aluno, esse método é indicado para cursos de pós-graduação ou que apresente alunos com maior nível de maturidade.
  • Seqüência controlada pelo plano de ensino: Com a segunda opção, os alunos precisam seguir uma linha definida pelo plano de ensino do curso/disciplina. O método é indicado para cursos ou disciplinas em que o professor ou tutor quer que o aluno consulte os materiais, de maneira obrigatória.

Portanto, é importante conhecer a faixa etária dos alunos que participam dos cursos virtuais e principalmente as limitações do ambiente utilizado. No caso do Moodle, alguns tutores usam como estratégia a disponibilização do conteúdo bem antes das atividades, para que os alunos possam fazer o download do texto e só depois de alguns dias, as atividades ficam disponíveis.

O melhor mesmo é refletir bem sobre isso, para fazer a escolha correta com base na faixa etária dos seus alunos e as ferramentas disponibilizadas aos alunos.

Usando as lições do Moodle para aplicar atividades complexas

O Moodle tem ferramentas muito interessantes para ministrar e oferecer atividades diferenciadas, aos participantes de qualquer curso a distância. Mesmo que a maioria dos cursos e tutores online ainda tenha preferência por atividades mais simples, como o uso de textos, fóruns e questionários. Esse tipo de atividade é mais simples e demanda menos planejamento e design instrucional. Bem, dentre as várias opções disponíveis uma das minhas favoritas é a lição. Ela funciona de maneira diferente dos fóruns e Wikis, mas permite uma flexibilidade incrível por parte dos tutores! Além disso, esse é o único recurso do Moodle que permite configurar pré-requisitos, antes que o Activity Lock esteja disponível no Moodle 2.0.

O Moodle foi projetado para permitir que os alunos possam participar das atividades dos cursos, de maneira aleatória. Ele visita os links e textos em ordem e no final realiza algum tipo de atividade de fixação. Com a lição é possível quebrar essa estrutura linear nas aulas, permitindo que o aluno navegue por textos e materiais em ordem.

Veja esse diagrama, que mostra de maneira clara a estrutura de uma lição no Moodle.

Funciona assim, você pode especificar um pequeno texto, seguido por uma pergunta de fixação sobre aquele conteúdo. Caso o aluno acerte a pergunta, ele pode avançar na lição e ler um novo texto ou assistir um vídeo, caso a resposta esteja errada, você pode direcionar a navegação dos alunos para um texto corretivo, com a explicação detalhada do erro e sugerindo uma nova leitura.

Como você pode ter percebido, o planejamento desse tipo de atividade é muito mais complexa que um simples texto para leitura. O tutor ou responsável pelo curso precisa planejar com cuidado a seqüência de navegação do aluno, direcionando o mesmo para páginas específicas.

Outro ponto importante, na configuração da lição é possível escolher uma dependência a uma lição anterior. Assim o aluno só consegue avançar no curso se participar das lições anteriores

Essa é a melhor maneira de direcionar o aprendizado do aluno, ao menos até que o Moodle 2.0 seja lançado e tenhamos o Activity Lock que permite aplicar esse mesmo conceito a todos os itens do Moodle, seja uma página Web ou até mesmo fóruns.

Bem, agora você já sabe o que faz esse recurso do Moodle. Com o tempo publico mais tutoriais e dicas sobre como configurar esse recurso.

Pré-requisitos para atividades no Moodle 2.0?

Que o Moodle é um ótimo LMS, isso é fato. Mas é sempre possível melhorar algo que já é bom. Pensando nisso é que alguns desenvolvedores do Moodle estão planejando uma ferramenta que fará a alegria, dos professores e gestores de cursos a distância que usam a ferramenta como apoio. Essa novidade consiste em um sistema de pré-requisitos para seguir nos cursos. O que é um pré-requisito? Quem trabalha com design de cursos sabe que um pré-requisito é uma condição especial, necessária para progredir em um curso. Por exemplo, um aluno que não é aprovado em uma disciplina, que é pré-requisito para outras em períodos seguintes, fica impedido de progredir no curso.

Algumas instituições de ensino não usam mais pré-requisitos para não prejudicar os alunos, mas o sistema faz sentido. Mas como isso se aplica ao Moodle?

O que está sendo planejado para o Moodle é o seguinte, os professores e gestores dos cursos pela internet, podem determinar algumas condições para que o aluno possa progredir no curso. Por exemplo, para visualizar um questionário de avaliação é necessário que o aluno abra um determinado número de textos, podendo inclusive precisar ficar nos textos por um período específico de tempo.

Isso evita que o aluno acesse áreas do curso, em que o professor gostaria que ele visitasse apenas quando o conteúdo estivesse totalmente assimilado. Outro ponto importante para a gestão de cursos, com os pré-requisitos os professores podem evitar que os alunos tentem realizar as tarefas de avaliação, sem que tenham lido ou consultado um mínimo de material.

Ainda é cedo para dizer quando esse tipo de recurso estará disponível, mas alguns administradores de sistemas Moodle já estão usando versões modificadas, com uma simulação dos pré-requisitos. Você pode saber mais sobre o assunto, nesses dois links:

  • Lista de recursos para o Moodle 2.0
  • Discussão sobre pré-requisitos nos fóruns do Moodle

Esse é um exemplo do controle disponível, nas versões modificadas do Moodle, com o sistema de pré-requisitos:

Claro que é tudo muito experimental e problemas de instabilidade e compatibilidade existem, por isso se você quiser testar, tenha em mente que não é recomendável usar essa versão experimental em cursos ainda, use apenas para teste. Se você é professor, mas não tem experiência com servidores e sistemas como o Moodle, não se preocupe.

O importante agora é saber que a ferramenta de pré-requisitos estará provavelmente no Moodle 2.0, que junto com os projetos do SoC 2008 mostram que o futuro do Moodle ainda pode reservar gratas surpresas, para educadores que procuram ferramentas eficientes para ensinar com o apoio da internet!