Como planejar disciplinas de interpretação como o empreendedorismo?

Um dos grandes desafios do design instrucional é planejar disciplinas que não tem aplicação prática direta, como a matemática. A analogia com a matemática não é ao acaso, pois em termos de disciplina a organização dos conteúdos da matemática é simples, pois para a maioria das perguntas a resposta é única e não há margem de dúvida. Mas, algumas disciplinas que envolvem muita interpretação e desenvolvimento de conceitos pelos alunos são mais difíceis de avaliar e assimilar. Entre essas disciplinas está o ensino do empreendedorismo, que estou acompanhando de perto por participar da revisão dos conteúdos.

Depois de analisar o conteúdo da disciplina fica fácil de perceber que o processo de avaliação e mensuração do aprendizado é bem complicado, pois envolve a capacidade de interpretar e executar diversos conselhos e mudanças de comportamento do aluno. Como o professor não pode acompanhar os alunos para comprovar se ele conseguiu assimilar os conceitos no seu cotidiano, o processo de avaliação fica muito mais complicado.

working from home

A maneira mais eficiente de resolver esse tipo de problema é direcionar o ensino da disciplina para a técnica chamada de aprendizagem baseada na resolução de problemas. A idéia é fazer com que os alunos se transformem em consultores, resolvendo problemas e aplicando os conhecimentos adquiridos em situações vivenciadas por outras pessoas.

O processo resumido de planejamento da disciplina é o seguinte:

  1. Apresente os conceitos e conhecimentos necessários para que o aluno tenha ciência do assunto;
  2. Mostre os caminhos para que o aluno aplique os conhecimentos no seu cotidiano;
  3. Faça perguntas e testes sobre os conceitos;
  4. Apresente situações e problemas sofridos por personagens fictícios que possam ser resolvidos usando os conceitos apresentados.

No caso do empreendedorismo a resolução de problemas é perfeita para algumas situações, como o desenvolvimento de novos projetos. Um exercício muito interessante é a identificação das características de um empreendedor, ou a definição do que é um intra-empreendedor. Para os alunos essa técnica é um pouco trabalhosa, pois envolve muita interpretação de texto e leitura, os professores também devem ter um pouco de trabalho extra para corrigir esse tipo de material. Mas, é uma das melhores maneiras de avaliar e garantir o aprendizado do conteúdo pelos alunos.

O papel da avaliação na aprendizagem baseada em projetos

Quando o projeto de um curso envolve a metodologia de ensino baseada na realização de projetos, o processo de avaliação desses cursos deve ser muito bem planejado. Caso o contrário, o curso acaba se transformando em uma grande narração de histórias. Sim, já vi alguns cursos que eram baseados em projetos em que o professor apenas narrava, como é que os alunos deveriam fazer as tarefas do projeto, sem acrescentar nenhum tipo de conhecimento ao processo. Se os alunos precisassem realizar o mesmo projeto novamente, tudo bem, mas e se os parâmetros e variáveis fossem diferentes; o que fazer?

Estou pesquisando muito sobre esse assunto, pois um dos meus próximos projetos de livro será totalmente baseado em projetos. Por isso, quero me basear em muita informação já existente sobre a metodologia para guiar os leitores pelo processo de maneira eficiente.

Caso você queira acompanhar, esse texto sobre avaliação em ambientes de aprendizagem por projetos é muito bom. Mesmo não sendo direcionado para a criação de material didático, ele está me ajudando a criar algumas diretrizes para a elaboração do livro.

Project Content Overview Diagram

Veja algumas das funções primordiais da avaliação nesse tipo de aprendizado, segundo o artigo:

  • As avaliações e tarefas podem ajudar o professor a desenvolver um melhor relacionamento com os alunos: Isso pode levar a conversas e diálogos mais informais, evitado a aula estilo palestra
  • As tarefas ajudam os alunos, a saber, o quanto aprenderam do conteúdo
  • As atividades ou tarefas podem fazer a ligação entre vários dos conteúdos apresentados na disciplina
  • As tarefas ajudam os alunos a desenvolver seus próprios projetos: O que deve ser um dos objetivos principais da disciplina/curso/material

Agora, quais as qualidades de uma boa avaliação ou tarefa? O artigo lista algumas qualidades, mas vou citar apenas duas delas, que considero as mais importantes, que são a contextualização e o que eles chamam de “mostrar a evolução dos alunos”. Acho que essa parte do exercício é muito importante e aliada a uma boa contextualização, pode mostrar de maneira bem clara o aluno, o quanto ele realmente aprendeu.

Se você pretende começar um projeto usando essa técnica, recomendo muito a leitura. Mesmo que seja por curiosidade!

Como planejar material educacional usando aprendizado baseado em projetos?

Na criação de material educacional, um designer instrucional pode utilizar várias maneiras para planejar a apresentação dos conteúdos para os alunos. Estou falando sobre designers instrucionais, mas isso se aplica a professores também, já que na maioria das instituições ainda é mais comum encontrar professores criando conteúdo. A dissertação, em que o conteúdo é descrito para os alunos é a maneira mais comum de apresentação, mas com um pouco mais de experiência e criatividade os autores começam a encontrar novas metodologias, como a ótima PBL, que pode ser associada com Problem Based Learning ou Project Based Learnning.

Como estou trabalhando em um material que envolve o uso de aprendizagem baseada em projetos, resolvi escrever um breve artigo sobre a experiência, sabendo que das primeiras vezes em que tentei usar essa metodologia, tive que aprender sozinho como melhor usar a técnica.

Project Plan for Showering

Pelo nome da procedimento, fica evidente que o método de ensino é baseado na descrição de um projeto real, que facilita muito o entendimento dos alunos, que podem acompanhar a maneira com que uma situação real é resolvida. No final da disciplina ou curso, os alunos podem saber exatamente o que fazer com aquela situação.

Esse é ao mesmo tempo um benefício e um problema.

O benefício é que os alunos aprendem com um projeto real. Mas, ao mesmo tempo ficam amarrados a apenas um único problema. Caso o aluno não seja estimulado a raciocinar e analisar cenários diferentes para aquele projeto, ele saberá apenas resolver um número limitado de problemas. Para aquele projeto em especial o aluno tem conhecimento de sobra, mas é só entrar uma variável diferente que a coisa muda.

Como fazer para evitar isso?

Se você quiser usar esse mesma metodologia, recomendo que faça algumas pequenas observações ao longo do material didático do curso, até mesmo como exercício para evitar esse problema.

  • No início de cada módulo ou aula deixe claro; o que será feito
  • No final de cada módulo ou aula; apresente exemplos de como variáveis adversas poderiam direcionar o projeto para outros caminhos
  • No desenvolvimento do conteúdo; apresente condicionantes das situações. Aqui a palavra SE é muito importante. Se isso fosse…, Se o preço for diferente…., Se não existir….

Apenas com essas pequenas observações, será possível criar um material ou curso que mostre de maneira clara aos alunos as diversas maneiras e caminhos que um projeto pode tomar.

Pode até parecer simples, mas a simulação desses cenários pode tomar uma grande parcela do tempo necessário, para planejar qualquer atividade educacional. Mesmo assim, ela é imprescindível para o sucesso da aprendizagem baseada em projetos.

Como identificar potenciais objetos de aprendizagem?

Sempre que você trabalhar com projetos relacionados com educação a distância, saiba que o uso dos objetos de aprendizagem será considerado como o auge em organização e criação de conteúdos, para meios eletrônicos de aprendizagem. Caso você não lembre, esses objetos são partes segmentadas dos cursos, que funcionam de maneira independente, que podem ser reaproveitadas dentro de vários cursos, compostas pelas mais diversas mídias, desde textos até vídeos. O grande desafio em elaborar objetos de aprendizagem é que o designer instrucional envolvido no projeto dos cursos precisa de amplo suporte de especialistas no assunto abordado, para identificar os potenciais objetos de aprendizagem.

Nesse final de semana mesmo, estava trabalhando no design de alguns cursos para o meu ambiente de educação a distância próprio, em que ofereço alguns cursos direcionados para a área de computação gráfica, quando comecei a analisar os projetos dos cursos. Em determinado momento, estava analisando alguns trechos de aulas e pensando já em futuros cursos, quando vislumbrava de imediato determinadas partes do curso, inseridas em futuras iniciativas. Naquele momento consegui identificar um objeto de aprendizagem em potencial, ao longo da tarde em que fiquei trabalhando no projeto, identifiquei mais 3 partes do curso que tem potencial para se transformar em objetos de aprendizagem.

Agora, a dúvida que fica é a seguinte; será que eu conseguiria identificar esse objeto de aprendizagem sem o conhecimento do assunto do curso, assim como de cursos futuros? Acredito que não.

Portanto, se você pretende trabalhar com objetos de aprendizagem, aqui vão algumas dicas para poder potencializar a identificação desses objetos, caso você não seja especialista na área do curso:

  1. Sempre solicite a um especialista no assunto, projetos ou esboços de projetos para mais de um curso.
  2. Os projetos dos cursos devem estar segmentados da melhor maneira possível, com objetivos bem definidos para cada parte.
  3. Caso seja necessário um mínimo de conhecimento técnico, pergunte a um professor da área ou especialista.
  4. Tente fazer prognósticos de cursos futuros, em que seja possível aproveitar partes introdutórias ou conceitos teóricos de alguma determinada área.
  5. Na produção dos materiais dos cursos, não faça referências ao curso como um todo, apenas ao assunto que está sendo abordado. Isso é extremamente importante se o material for audiovisual. As referências para o curso atual podem ser feitas com pequenos elementos gráficos, colocados no material de estudo na pós-produção. Assim fica mais fácil reutilizar o conteúdo em vários cursos, sem precisar gravar ou produzir partes da aula novamente.

Com essas dicas fica mais fácil trabalhar com objetos de aprendizagem. Pensei nisso, depois de trabalhar no projeto dos cursos.

Agora que estou trabalhando no projeto de cursos para esse ambiente, que por sinal usa o Moodle estou tendo várias idéias interessantes de como organizar conteúdos. Assim que tiver mais alguma dica, publico aqui no Blog.

Aprendizagem baseada na resolução de problemas e área de saúde

Desde que comecei a trabalha com educação a distância, tenho pesquisado muito sobre metodologias e métodos que aproveitem todo o potencial que a internet e os computadores, podem oferecer nessa modalidade de ensino. Sempre que encontro algum novo recurso ou documento, que possa auxiliar alguém nesse tipo de experiência, compartilho o endereço aqui no Blog. Hoje estou fazendo apenas uma afirmação, baseada nos textos e documentos que li nos últimos meses, sobre metodologias e técnicas de ensino. Cheguei à seguinte conclusão; os ambientes de educação a distância casam perfeitamente com ensino baseado na resolução de problemas.

Mais ainda, se a área do curso for a de saúde, essa metodologia é ainda mais importante. De todos os recursos que tenho encontrado recentemente, quase 80% do material é relacionado com a área de saúde. Seja para cursos de medicina, farmácia, biomedicina ou outros.

User Centered Design presentation process design on a whiteboard

Estava lendo um texto hoje, que infelizmente não posso compartilhar, pois é um artigo em texto mesmo (impresso), em que era feito um ensaio sobre essa metodologia. Nele o autor fazia menção ao desenvolvimento de estratégias de aprendizagem baseada na resolução de problemas, que resultam inevitavelmente no desenvolvimento do auto-estudo por parte dos alunos! Ora, se auto-estudo é a síntese da educação a distância, encontrei o foco dos meus próximos trabalhos.

Com isso o foco dos meus estudos está bem definido. Apesar de ter adquirido alguns livros sobre e-learning recentemente, preciso encontrar espaço para desenvolver algum tipo de metodologia própria para o aprendizado, usando essas metodologias.

Os textos que encontrei ao longo do tempo, já me passam uma boa idéia da metodologia e dos recursos necessários para elaborar uma aula eficiente. Quer seguir o mesmo raciocínio? Fiz uma pequena lista de características e ações importantes, para que esse tipo de iniciativa funcione em aulas a distância:

  • Boa parte do tempo deve ser dedicada a criação de um cenário, para apresentar o problema envolvido;
  • O cenário deve proporcionar algumas dicas, para que os alunos possam pesquisar materiais e aprender ao longo do processo investigativo;
  • Parte do aprendizado deve ser realizado por meio de debates, em que preferencialmente os alunos devem debater entre eles e não com o professor;
  • O professor deve planejar o cenário, de maneira que os recursos necessários para a resolução e debate do problema sejam apresentados no mesmo tempo, em que aconteceriam em ambientes reais.

Bem, isso é apenas uma lista resumida. Acredito que com o tempo e algumas experiências, posso criar uma metodologia própria para a elaboração desse tipo de cenário.

Quem sabe até compilar isso em um livro? Já estou no meu segundo livro publicado e ainda não encontrei nada que aborde esse assunto, em língua portuguesa e até mesmo em inglês.