Curso com material interativo: Será que é interativo mesmo?

Um curso a distância precisa de muito material de apoio, principalmente se o curso for oferecido na modalidade assíncrona. Os alunos precisam de muito texto e imagens, para conseguir adquirir o conhecimento necessário e atingir os objetivos planejados para a disciplina ou curso. Sempre encontro cursos ou empresas que oferecem material dito “interativo” em seus ambientes de educação a distância. Mas, será que esse material é mesmo interativo? O que delimita um material interativo eficiente? Resolvi escrever sobre isso, depois de encontrar muito conteúdo, sendo vendido em sistemas EAD caros, como sendo interativos, mas de interativo eles não tem nada, ou quase nada.

Na grande maioria dos casos, os sistemas EAD e alguns designers acabam projetando cursos que oferecem material baseado na interação clássica, envolvendo os botões “Próximo” e “Anterior” que em minha opinião é o pior tipo de interação para material educacional.

Navigation Bar

Esse tipo de interação se assemelha muito a uma apresentação em PowerPoint, em que um aluno precisa avançar e retroceder nos slides. Acredito que não seja necessária muita argumentação para entender os motivos que fazem esse tipo de material, obsoleto e um vetor para um dos maiores problemas do EAD, que é a falta de estimulo para estudar dos alunos.

A falta de estimulo acontece por falta de contato humano, que é potencializada com o uso de material educacional que não estimule esse mesmo aluno a pesquisar e procurar desafios.

Pelo que pude perceber, observando alguns cursos produzidos especialmente para empresas, parece que esse tipo de material reina absoluto em ambientes corporativos. Todas as empresas que já conheci, e se diziam especialistas em design instrucional, na verdade tinham uma ótima equipe de ilustradores e artistas 2d, para criar animações e material multimídia. Mas, tudo era baseado em telas, que faziam o alunos percorrer uma trajetória linear no aprendizado, sem nenhuma ou pouca possibilidade de pular para áreas de interesse.

Até nesses casos, os treinamentos e cursos corporativos perdem com uma interação pobre. Se o objetivo for criar material que ajude os funcionários da empresa a aprender uma nova técnica ou função, caso eles tenham dúvida e precisem visualizar apenas uma parte das telas novamente, será que o sistema vai permitir que eles pulem?

Por isso, sempre que estou planejando material que deve ser realmente interativo, me baseio na liberdade oferecida pela hiper mídia, que é nada mais que uma analogia a própria internet.

Veja o que é necessário para elaborar esse tipo de material:

  • Permita que o aluno escolha as partes que ele quer pular do material
  • Deixe bem claro, ser for o caso quais partes são pré-requisitos uma da outra. Assim o aluno sabe que precisa dominar um assunto antes de visualizar um conteúdo novo. Isso evita que um conteúdo importante seja pulado
  • Sempre deixe visível na interface do curso, um menu ou atalhos para que o aluno possa navegar com liberdade pelo conteúdo
  • Antes de começar um módulo, apresente aos alunos um mapa do caminho que ele vai percorrer, assim como os assuntos abordados em cada fase. Assim ele pode identificar conteúdos que ele já domina e eventualmente escolher não estudar aquilo novamente

Com o uso dessas regras simples, você pode garantir que o seu material educacional pode realmente ser chamado de interativo. Sempre faça uma comparação com a navegação em uma página na internet, pois assim o seu material estará incorporado e adaptado ao ambiente.

Uma imagem vale mais que mil palavras em educação também!

Qual a melhor maneira de elaborar material educacional? O designer instrucional deve mostrar aos alunos, mais material textual ou visual? Uma coisa é certa na nossa sociedade, as pessoas preferem muito mais o material visual, pela sua fácil interpretação e pouca demanda de raciocínio. O mercado publicitário sabe usar isso muito bem, muito dificilmente veremos algum tipo de anuncio publicitário de massa, envolvendo apenas material textual. Apesar da missão dos educadores, seja a de incentivar o hábito da leitura nos alunos, quem trabalha com ambientes eletrônicos de aprendizagem, encontra mais um desafio.

O uso intenso de material textual, força o aluno a ler o material, mas por outro lado é péssimo para leitura em ambientes eletrônicos. O uso de material audiovisual rico é bom para o lado do aprendizado, mas contribui para a degradação do hábito da leitura. Como resolver isso?

Reading Skills in the Computer Lab

Como de costume, a melhor opção aqui é usar o bom senso. Uma mescla das duas metodologias é a melhor opção. Essa semana mesmo tive a oportunidade de receber aqui na faculdade um material para consulta de uma empresa especializada em produzir, material para ambientes EAD. Todo o material era baseado apenas em texto!

Sim, imagine um material educacional que usa um meio altamente multimídia como a internet, mas baseado apenas em texto! Nenhuma imagem ou vídeo é usado. A taxa de evasão em cursos EAD é muito alta, esse tipo de material só contribui para que esses índices aumentem ainda mais. Quando um aluno procura um curso EAD, ele quer acima de tudo, material de consulta e auto-estudo que possa ser de fácil entendimento e que permita rápida assimilação.

O uso do computador como ferramenta de aprendizagem justifica o uso de muito mais material visual. Na sala de aula presencial isso é limitado, para que fosse possível usar essa estrutura, cada aluno precisaria de um notebook ou PC sobre a sua mesa, mas sabemos que no Brasil isso é inviável para a maioria.

Hoje não deixo nenhuma dica, sobre a produção desse tipo de material, mas é sempre importante lembrar que ao produzir conteúdo para aulas na internet, faça valer o poder do ambiente utilizado. Se o objetivo é usar mesmo o computador, aproveite um mínimo que ele tem a oferecer! Adicione imagens e vídeo ao texto, pode ser até do Youtube mesmo!