Quando o uso de PowerPoint atrapalha as aulas?

Na grande maioria das instituições de ensino as aulas estão começando a ser preparadas quase que exclusivamente com o uso do PowerPoint. Todos os professores têm seu conteúdo organizado e distribuído entre os alunos no formato de slides, isso inclusive é uma forma de marketing educacional para muitas faculdades que anunciam “todas as salas com datashow”. Até que ponto isso pode ser uma vantagem, ou até mesmo atrapalhar o desempenho dos alunos? Depois de passar um bom tempo observando o comportamento dos alunos, quando as aulas são ministradas totalmente com o apoio dos slides e quando a mesma é feita apenas no quadro, cheguei a seguinte conclusão; não coloque tudo nos slides.

O conteúdo de uma aula completa nos slides acaba sendo uma vantagem para os alunos e para o professor no momento em que o tempo gasto, com a organização do quadro é economizada. Mas, os alunos acabam tendo a tendência natural de não prestar mais tanta atenção que está sendo apresentado, pois depois os mesmos devem ter acesso aos arquivos do professor, com o conteúdo todo pronto no formato PPT. Cheguei a perceber que alunos assistindo aulas apoiadas por slides, acabam perdendo a atenção e se prejudicando depois. Uma coisa que deveria ajudar, acaba atrapalhando.

Por isso, acabei criando uma pequena regra para manter a atenção dos alunos enquanto uma aula ministrada com o apoio de PowerPoint é realizada. A regra é simples; não coloque tudo no PowerPoint.

GSU-library-classroom

A estratégia é simples mas já consegui comprovar nas aulas que é muito eficaz, consiste em trabalhar com conteúdos sem muitos detalhes nos slides, para que seja necessário usar o quadro como apoio eventual durante as aulas. Com isso, quando um assunto que requer explicações extras do professor ganha algumas palavras e comentários no quadro. Assim, os alunos precisam prestar mais atenção ainda para eventualmente copiar ou simplesmente acompanhar as explicações com o material exposto no quadro.

Pode parecer um contraponto, usar o quadro quando temos o PowerPoint disponível para ministrar aulas. Mas, para manter a atenção e interesse de uma turma de alunos, qualquer tipo de artifício é válido. Caso você queira fazer um teste nas suas aulas, recomendo escolher um slide cheio de informação e fazer um “enxugamento” do mesmo. Quando ele for o tópico central da explicação, coloque o material no quadro! Você vai perceber como a atenção dos alunos será redobrada ao longo de toda a aula.

Dicas de design instrucional: Como melhor usar gráficos e imagens?

Nesse semestre estou lecionando uma disciplina que aborda o uso e criação de conteúdo multimídia, que apesar de não ser diretamente relacionado com ambientes educacionais, pode interessar em muito um designer instrucional. Dentre os diversos temas que abordo na disciplina, tirando a parte técnica e relacionada com tecnologia, sobra muito conteúdo ligado a percepção humana dos aspectos visuais da comunicação. Por exemplo, quais os melhores tipos de imagem e gráficos para ilustrar um aplicativo multimídia? Esse tipo de decisão é geralmente tomada com base apenas em aspectos estéticos, mas existe toda uma série de estudos e considerações que devem ser tomadas, antes de realizar a escolha.

A área da ciência que estuda esse tipo de conteúdo se chama cognição, que está diretamente ligada a psicologia. Mesmo não sendo a minha especialidade, depois de muita leitura e pesquisa consegui delimitar um paralelo entre as diversas tipologias de imagens e gráficos, com as suas respectivas aplicações em material educacional.

Multitouch Project - Final

Antes de falar sobre as aplicações, vamos conhecer a organização dos diferentes tipos de imagens e gráficos:

  • Gráficos Decorativos: Tipo de gráfico que adiciona apelo estético em qualquer tipo de interface direcionada para educação ou apresentações comerciais. Esse é o tipo de imagem mais usada, caso fôssemos fazer uma média de utilização dos diversos tipos de gráficos.
  • Gráficos Representativos: Essa imagem tem como função apresentar a forma ou visual de um objeto ou cenário existente. Por exemplo, na apresentação de uma aula de geografia é interessante falar sobre cidades e países, exibindo fotografias desses lugares.
  • Gráficos Organizacionais: Tipo de imagem que apresenta as relações qualitativas entre diferentes conteúdos. Por exemplo, o uso de organogramas para explicar o relacionamento entre as pessoas dentro de empresas.
  • Gráficos Interpretativos: Os gráficos interpretativos mostram de maneira visual fatos ou objetos que não são tangíveis para nós. Por exemplo, a representação de uma estrutura molecular ou as ligações nos átomos de carbono em uma estrutura orgânica. Nessa ocasião é interessante associar as explicações, uma ilustração que mostre visualmente o funcionamento da estrutura.
  • Gráficos Relacionais: Aqui temos um tipo de gráfico que relaciona informações ou dados de maneira visual. Um bom exemplo disso são os infográficos.
  • Gráficos de Transição: Qualquer tipo de gráfico que demonstre movimento ou transformação. Por exemplo, animações ou histórias em quadrinhos.

De maneira geral, podemos classificar a grande maioria das imagens que usamos nessas categorias. No próximo artigo, falo sobre as diferentes situações ou conteúdos que melhor utilizam cada um desses tipos de gráficos.

Como criar material educacional no padrão SCORM como eXe?

Assim que eu já havia prometido aqui no Blog, estou estudando a ferramenta eXe que foi listada como sendo um dos grandes destaques para a área de produção de conteúdo educacional. O eXe é o companheiro perfeito para professores e designers instrucionais que precisam elaborar materiais formatados no padrão SCORM. Com ele o professor pode planejar uma série de conteúdos, integrar mídias e até mesmo formatar avaliações sem a necessidade de uma sistema como Moodle. Depois que todos os conteúdos estão criados, o professor pode exportar o material como um arquivo zip, compactado com todo o seu conteúdo.
A melhor parte é a compatibilidade do padrão SCORM com vários sistemas educacionais diferentes. O mesmo conteúdo pode ser exportado para o Moodle, Blackboard ou Sakai. Tudo que o designer instrucional precisa é um sistema que aceite o padrão SCORM. Se o sistema da sua instituição de ensino não aceita esse padrão, esse pode ser um ótimo indicador da defasagem do sistema LMS.

Mas, como é que o eXe funciona?

A primeira coisa que você precisa fazer é instalar o software, depois de fazer o download na página oficial do projeto. Só para fins de constatação, o eXe é oriundo de uma universidade da Nova Zelândia.

A primeira coisa que você vai notar no software é que o seu funcionamento está integrado com um navegador web. No meu caso o Firefox, para isso ele simula um servidor web no seu computador local.

Portanto, ao criar conteúdos no sistema, você vai automaticamente estar formatando e visualizando suas aulas, no padrão em que o material será apresentado aos alunos.

Para que o entendimento dos conteúdos criados no eXe fique mais simples, vamos exemplificar o material como sendo um livro eletrônico que fica disponível o tempo todo na internet. O livro pode ser composto por vários tipos de materiais, que são adicionados ao pressionar os itens indicados no menu da esquerda.

Você pode usar várias opções para montar as suas aulas. Assim que uma nova opção é adicionada, será necessário incluir as informações de configuração dessa opção, como os textos no caso de um item do tipo “Free Text”.

No final da configuração, clique no pequeno ícone verde na parte inferior para confirmar, ou no vermelho para cancelar e excluir esse material.
Só para terminar essa nossa introdução a produção de material com o eXe, podemos dividir o nosso livro em várias páginas ou capítulos organizadas da maneira como você achar melhor. Na esquerda, logo acima das opções de materiais, podemos adicionar páginas e organizar os conteúdos.

Essa foi apenas uma visão geral de como funciona o eXe, nos próximos artigos sobre esse assunto, pretendo entrar em mais detalhes sobre os recursos interativos, disponíveis para designers instrucionais e professores, que precisam elaborar aulas pela internet.
Por enquanto, você já pode começar a se aventurar e tentar planejar as suas aulas, usando esse tipo de ferramenta.