Dicas de design instrucional: Como revisar uma disciplina?

O trabalho de um designer instrucional é relacionado com o desenvolvimento e planejamento de conteúdos educacionais e programas de curso, mas ainda existe uma outra função para qual o designer instrucional é lembrado pelas instituições de ensino, quando alguma coisa não está correta nos seus cursos; a reformulação de um curso. O processo de revisão de um curso é fundamental para garantir que os objetivos educacionais sempre estejam sendo atingidos com o máximo de ênfase. Mesmo os cursos e materiais preparados com cuidado, precisam de revisão constante do conteúdo. Como estou encarregado de realizar algumas dessas revisões nesse semestre, resolvi escrever um pequeno guia com algumas dicas sobre o processo de revisão, que envolve muita pesquisa e análise.

Quando o material e roteiros de aula já estão prontos, a parte mais complicada desse tipo de projeto já está parcialmente concluída, que é a pesquisa e determinação de uma seqüência de ensino. Sem o conteúdo pronto, o designer instrucional precisaria fazer entrevistas e trabalhar com profissionais da área com domínio do conteúdo para projetar o curso.

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Então, vamos aos passos necessários para fazer uma boa revisão do conteúdo, considerando que o curso é baseado em leitura de textos, o que pode ser feito presencialmente ou a distância:

  1. Localize os objetivos do curso: O que os alunos que concluem o curso precisam saber ou fazer? Caso isso não esteja escrito em nenhum local, procure identificar pelos objetivos principais. Uma boa maneira de relacionar esse tipo de conteúdo é fazendo uma lista com bullets mesmo. Exemplos:

    • Conhecer os requisitos necessários para fazer uma boa apresentação
    • Funcionamento de um software para apresentações
    • Localizar e editar imagens para inserção em slides
    • Produzir um roteiro ou storyboard para apresentação
  2. Analise o plano de ensino e a seqüência de conteúdos abordados: A linha de raciocínio do curso é explicada em algum local? Qual sua justificativa? Caso essa linha não esteja clara para você, também não vai estar para os alunos.
  3. Qual o objetivo específico de cada texto ou material didático no curso? Assim como o curso de maneira geral, cada material usado no desenvolvimento do conteúdo deve apresentar, mesmo que apenas para os gestores do curso os objetivos específicos do conteúdo. Como esse texto ajuda no desenvolvimento dos objetivos gerais?
  4. Como os conteúdos estão relacionados? Uma boa disciplina baseada em texto, sempre apresenta relações e citações de material já utilizado. Por exemplo, um texto que aborde as conseqüências da globalização para mercados emergentes, deve explicar de maneira breve o significado da palavra globalização, ou citar o título do material em que isso foi abordado no curso.
  5. Os textos estão escritos em primeira pessoa? Por incrível que pareça, os alunos preferem textos escritos na primeira pessoa. Isso lembra muito a presença e a palavra de um professor, que está guiando e indicando os conteúdos. Os materiais escritos de maneira impessoal, acabam despertando pouco interesse nos alunos.
  6. Os exercícios estão relacionados com o conteúdo? Uma ótima maneira de relacionar as perguntas propostas em um curso, é relacionar o resultado com os objetivos gerais do mesmo. Por exemplo, ao elaborar ou revisar uma pergunta, compare o enunciado com os objetivos listados na descrição desse curso. Como eles se relacionam? Existe coerência? caso contrário, essa pergunta não deveria estar na lista de exercícios, mas sim como atividades extras que demandam estudo complementar.

Bem, seria leviano dizer que isso é tudo o que é necessário para revisar de maneira satisfatória uma disciplina ou conteúdo educacional. Mas, é um ótimo começo para quem precisa realizar essa tarefa importante para melhorar seus cursos e conteúdos. Sem esse procedimento, o ciclo de desenvolvimento dos modelos para design instrucional acabam não acontecendo.

Um ponto importante, que serve como reflexão é que a maioria dos assuntos e pontos críticos da revisão estão diretamente relacionados com os objetivos da disciplina/curso.

Dicas PowerPoint: Como reformular slides para melhorar apresentações?

Hoje a maioria das instituições de ensino retorna às suas atividades acadêmicas, e os professores têm a missão de voltar para as salas de aula e iniciar mais um semestre. Mesmo sendo um pouco tarde, ainda é tempo de promover uma reformulação nas suas apresentações em PowerPoint, minimizando os problemas de design que tanto atrapalham as apresentações. A maioria de nós usa o PowerPoint como apoio para expor idéias e conteúdos, mas acaba pecando um pouco na organização visual desse material. Um desses problemas visuais é o excesso de informações, com vários tópicos sendo exibidos no mesmo slide, sem nenhum tipo de imagem para ilustrar as idéias expostas na apresentação.

Como fazer para melhorar o visual desse tipo de slide, em que as apresentações já estão prontas?

Caso você queira melhorar suas apresentações já elaboradas, o vídeo abaixo mostra o procedimento necessário para transformar slides totalmente baseados em texto, e transformar o material em slides mais leves e com apoio de imagens para ilustrar as idéias apresentadas.

Antes de começar a alterar os slides, selecione as imagens apropriadas a cada idéia dos tópicos.

O processo de edição é relativamente simples, mas no final vai acabar resultando em grande quantidade de slides, pois o material será dividido em várias partes menores. Faça os ajustes na fonte do texto, para deixar as linhas do título mais visível, como mostra o vídeo, depois faça várias cópias do conteúdo e espalhe por vários slides.

O segredo é ir excluindo os tópicos extras de cada slide, para concentrar idéias relacionadas entre si no mesmo slide. A segmentação de idéias nunca é uma boa estratégia, pois faz a audiência perder o foco no assunto abordado. Com o texto bem posicionado, o próximo passo é organizar as figuras nos slides. Uma boa técnica para posicionar as imagens nos slides é alterar a sua escala, para que a imagem fique ocupando o espaço total disponível.

Assim o apresentador pode associar de maneira clara o conteúdo do texto, com as imagens e fotografias relacionadas ao conteúdo.

No final do exercício, podemos perceber como uma simples mudança como essa, de organizar os textos condensados em vários tópicos em apenas um slide, em vários slides com tópicos únicos e bem ilustrados, pode fazer a diferença e produzir uma melhor interface entre o palestrante e a exposição das suas idéias.

Caso você não tenha tido tempo de reorganizar as suas apresentações para esse novo semestre, tente realizar ao menos essas pequenas mudanças! Posso garantir que o resultado será positivo, para a exposição das suas idéias e consequentemente no total entendimento e motivação da sua audiência. Para quem já tem apresentações prontas, as dicas do vídeo são valiosas! E os que ainda estão preparando material, podem se basear nessas dicas de design, para criar slides que já usem essa organização.

Material da Wikipédia, como links complementares em aulas?

Esse é um assunto polêmico entre professores e alunos que participam de aulas a distância, ministradas em ambientes como o Moodle. Todos que participam da produção de cursos pela internet, sabem que um dos maiores problemas é a produção do conteúdo, na sua grande maioria baseado em auto-estudo, portanto precisa de muito texto. Mas, e quando o professor não tem experiência ou tempo para escrever esse tempo?

Nem todos os docentes gostam de escrever. Nesse caso, o uso de material que já está disponível na internet é a melhor solução, se o texto está disponível em algum local público, não há motivos que impeçam que o professor indique esse material para seus alunos.

Em várias pesquisas por conteúdo educacional, os professores se deparam com material publicado na Wikipédia. O meu questionamento é; vale à pena usar esse material?

Wikipédia Logo

O objetivo desse artigo é questionar o uso educacional, apenas de material oriundo da Wikipédia e não o projeto como um todo, sou usuário da enciclopédia e acho o sistema extremamente útil. Mas, como todos que acompanharam o desenrolar da própria Wikipédia, o sistema ficou famoso pela apresentação de informações equivocadas e caluniosas sobre determinados assuntos. A ação incisiva dos organizadores da enciclopédia diminuiu bastante a incidência desse tipo de problema, mas ainda fica certo estigma no ar.

Quando faço a revisão de alguma disciplina de um colega professor e encontro vários links da Wikipédia, sempre questiono o professor sobre a real necessidade de usar aquele material, e se é possível encontrar substitutos.

A questão é bem simples, um aluno que está participando de um curso pago, dificilmente aceita a indicação de material disponível em uma enciclopédia gratuita, como material educacional. Seria algo como realizar a inscrição em um curso, e receber links para web sites na internet como material, e não uma apostila ou CD-ROM personalizado.
Mas, e se não houver alternativa ao material? Bem, nesse caso recomendo complementar o link da Wikipédia com comentários pessoais. Veja o que você pode fazer para enriquecer o conteúdo:

  • Sempre indique o link junto com um comentário de texto, concordando ou discordando do material disponível na enciclopédia
  • Incentive seus alunos a usar os textos da Wikipédia como referência para um fórum. Caso o material tenha informações polêmicas, essa pode ser uma oportunidade para uma discussão muito produtiva
  • Os textos da Wikipédia podem ser usados como um dicionário, em que links podem ser feitos para verbetes presentes em textos da autoria do próprio professor. Por exemplo, ao descrever uma palavra complicada como cognição, não é necessário explicar a palavra, apenas aponte o link.

Assim você minimiza as reclamações e desconfianças dos alunos em relação ao uso da Wikipédia em disciplinas EAD.