Professores como agentes da cultura empreendedora

Uma das coisas mais interessantes no estudo do empreendedorismo como fator de transformação pessoal para indivíduos. Para que uma pessoa possa começar a despertar o chamado espírito ou comportamento empreendedor, são necessárias uma série de mudanças e pequenos ajustes de comportamento para que o comportamento posse se desenvolver. Isso é referenciado no estudo do empreendedorismo como sendo a cultura empreendedora, que precisa ser disseminada e incentivada, principalmente no ambiente acadêmico, para que os professores sejam os primeiros agentes desse tipo de comportamento. A pergunta que faço aqui é: será que os professores estão preparados para incentivar esse tipo de cultura? Os professores são agentes de transformação?

Os professores são sim agentes de transformação, e por sinal muito importante, mas como na maioria dos casos em que disciplinas e exigências do mundo contemporâneo aparecem como desafios para que os docentes se adaptem e consigam passar esse tipo de conteúdo para seus alunos.

A Lecture upon the Shadow

Será que existe o empreendedor acadêmico? Claro que sim! Se formos fazer uma analogia direta entre os empreendedores e os pesquisadores, veremos que existem muitas semelhanças entre as pessoas que realizam pesquisas científicas e os empreendedores. Isso vai de encontro a um dos maiores mitos sobre o empreendedorismo, que é a associação direta de empreendedor com empresário. Nem todas as pessoas que são empreendedoras, necessariamente abrem empresas ou negócios. Basta ter vontade de realizar ou finalizar um projeto, deslocando seus esforços e recursos para tal, que você estará muito próximo de se tornar um empreendedor.

No caso dos professores dedicados a pesquisa científica, os mesmos podem ser chamados de empreendedores sim. Cada trabalho de pesquisa que resulta em artigos científicos, dissertações ou testes são frutos de um grande esforço de pesquisa. Esses são os projetos de realização pessoal, que fazem com que os professores possam ser “classificados” em uma categoria do empreendedorismo.

Como passar esse espírito de pesquisa e empreendedorismo acadêmico para os alunos? Esse é o grande desafio para os docentes interessados em formar pesquisadores, que futuramente podem se transformar em empreendedores acadêmicos. Uma coisa é certa em relação a esse tipo de comportamento, e disseminação da cultura empreendedora dentro da sala de aula: os professores são peças fundamentais. Veja algumas coisas que você pode fazer para potencializar o desenvolvimento desse tipo de empreendedor:

  • Não use aulas ou cursos voltados para conteúdos apenas
  • Sempre que possível aplique o aprendizado baseado na resolução de problemas
  • A resolução de problemas fará com que os alunos pesquisem as soluções
  • Sempre use trabalhos de pesquisa com resultado factível para a realidade dos alunos. Sem aplicação prática, os trabalhos acabam sendo feitos apenas em função da nota.

Essas são apenas algumas recomendações que podem ser aplicadas no design de uma disciplina ou curso, para ajudar na disseminação da cultura empreendedora, mesmo que os alunos não saibam o que isso significa. A transformação não se dará em todos os indivíduos, mas se uma pequena parcela dos alunos for cativada pela metodologia, já terá valido o esforço.

Como planejar disciplinas de interpretação como o empreendedorismo?

Um dos grandes desafios do design instrucional é planejar disciplinas que não tem aplicação prática direta, como a matemática. A analogia com a matemática não é ao acaso, pois em termos de disciplina a organização dos conteúdos da matemática é simples, pois para a maioria das perguntas a resposta é única e não há margem de dúvida. Mas, algumas disciplinas que envolvem muita interpretação e desenvolvimento de conceitos pelos alunos são mais difíceis de avaliar e assimilar. Entre essas disciplinas está o ensino do empreendedorismo, que estou acompanhando de perto por participar da revisão dos conteúdos.

Depois de analisar o conteúdo da disciplina fica fácil de perceber que o processo de avaliação e mensuração do aprendizado é bem complicado, pois envolve a capacidade de interpretar e executar diversos conselhos e mudanças de comportamento do aluno. Como o professor não pode acompanhar os alunos para comprovar se ele conseguiu assimilar os conceitos no seu cotidiano, o processo de avaliação fica muito mais complicado.

working from home

A maneira mais eficiente de resolver esse tipo de problema é direcionar o ensino da disciplina para a técnica chamada de aprendizagem baseada na resolução de problemas. A idéia é fazer com que os alunos se transformem em consultores, resolvendo problemas e aplicando os conhecimentos adquiridos em situações vivenciadas por outras pessoas.

O processo resumido de planejamento da disciplina é o seguinte:

  1. Apresente os conceitos e conhecimentos necessários para que o aluno tenha ciência do assunto;
  2. Mostre os caminhos para que o aluno aplique os conhecimentos no seu cotidiano;
  3. Faça perguntas e testes sobre os conceitos;
  4. Apresente situações e problemas sofridos por personagens fictícios que possam ser resolvidos usando os conceitos apresentados.

No caso do empreendedorismo a resolução de problemas é perfeita para algumas situações, como o desenvolvimento de novos projetos. Um exercício muito interessante é a identificação das características de um empreendedor, ou a definição do que é um intra-empreendedor. Para os alunos essa técnica é um pouco trabalhosa, pois envolve muita interpretação de texto e leitura, os professores também devem ter um pouco de trabalho extra para corrigir esse tipo de material. Mas, é uma das melhores maneiras de avaliar e garantir o aprendizado do conteúdo pelos alunos.