O que é SCORM? Quando o seu uso é recomendado no design instrucional?

Ontem mostrei um ótimo tutorial sobre a criação de material com padrão SCORM no eXe, para integração com o Moodle. Quando fui tentar explicar o que é o SCORM para um colega professor, percebi que o conceito é mais bem assimilado por profissionais que trabalham com informática, e não por educadores. Como nunca havia comentado mesmo o significado do SCORM aqui no blog, resolvi falar um pouco mais sobre o assunto. Afinal de contas, em um mercado tão concorrido e com instituições de ensino usando diversas ferramentas para ensino semipresencial, o conhecimento desse tipo de padrão pode ser o diferencial entre o sucesso ou fracasso, em termos de produtividade e design instrucional.

Antes de falar sobre o SCORM, vamos contextualizar o problema que é resolvido com o uso do SCORM. Imagine que temos um designer instrucional ou tutor, especializado em produzir conteúdos para diferentes instituições de ensino. Duas dessas instituições contrataram esse designer instrucional para criar um curso de “práticas pedagógicas”, sendo que uma das instituições usa Moodle e a outra adota o Blackboard.

SCORM collage

Como a maneira de trabalhar dos sistemas é diferente, o designer instrucional irá precisar configurar e ajustar o conteúdo duas vezes. O que vai acarretar em prazos maiores de entrega para o mesmo conteúdo. Não seria ótimo, se existisse um formato em que o designer instrucional possa criar o conteúdo, e o mesmo seja interpretado da mesma maneira pelo Moodle e Blackboard? Esse formato existe e se chama SCORM!

Acredito que essa pequena contextualização mostrou bem a utilidade do SCORM. Quando um designer instrucional, ou professor, se preocupa em criar seus conteúdos usando o SCORM, esse material passa a ser compatível e adaptável em qualquer sistema LMS que interprete esse formato.

Podemos usar outra contextualização, para mantenedoras que precise alimentar sistemas LMS diferentes, pode criar todo o material um único lugar, formatar tudo usando o padrão SCORM e enviar o material para os dois sistemas de uma só vez.

Esse padrão é o melhor aliado dos famosos objetos de aprendizagem, pois com o uso do formato, o reaproveitamento dos objetos é muito fácil, sendo que essa é uma das principais características dos objetos de aprendizagem.

Se você quiser saber mais sobre o uso de SCORM no Moodle e o design de conteúdos com o eXe, nos próximos dias pretendo publicar alguns artigos mostrando as ferramentas e opções do software. Se você tem interesse em design instrucional, acompanhe o blog para saber mais sobre essas opções e criar seus próprios objetos de aprendizagem.

Por que instituições de ensino americanas estão migrando para Moodle?

Um dos fenômenos mais interessantes do mercado de tecnologia educacional, nas universidades americanas e é o número crescente de instituições que abandonam sistemas pagos, como o famoso Blackboard e começam a usar o Moodle ou Sakai, como suas plataformas de educação a distância, ou apoio educacional. Claro que um dos motivos que me faz ficar curioso sobre esse tipo de migração, é o fato de ser usuário e defensor do Moodle como ferramenta LMS, para instituições de qualquer tamanho.

Essa semana, um artigo aqui no Blog falou sobre as diferenças de requisito para diferentes instituições de ensino, e como fazer para escolher o LMS apropriado para cada uma dessas instituições, com base em diversos fatores. O mercado Brasileiro ainda está se desenvolvendo e com o crescimento do acesso a internet, os próprios alunos estão começando a usar mais a internet. Isso faz com que as instituições de ensino invistam cada vez mais, em apoio educacional usando a internet.

Tanto as grandes como as pequenas instituições estão investindo pesado nessa área, quem entra agora nesse mercado educacional segue o famoso “efeito manada”.

leaving on a jet plane

Para reforçar o assunto abordado no artigo aqui do Blog, recomendo a leitura desse texto, publicado essa semana também no Chrolicle of High Education, em que é reportada a tendência dos clientes que usam o Blackboard nos EUA em migrar para alternativas de código aberto.

Só para resumir o assunto do artigo, o texto fala da tendência das instituições de ensino em querer cada vez mais ferramentas e opções para adaptar, os sistemas LMS para as suas necessidades. Como esse tipo de pedido é geralmente cobrado, ou seja, as instituições precisam pagar para melhorar um software educacional que já é pago, apenas pelo seu uso. Os gestores de tecnologia educacional estão fazendo as contas e descobrindo que é mais barato, personalizar um sistema que já é aberto.

Veja como é fácil a conta:

  • A empresa comercializa um sistema LMS
  • A instituição de ensino solicita melhorias e correções na metodologia
  • A empresa cobra honorários extras para a personalização
  • A instituição paga e mesmo com certa demora, recebe as melhorias
  • A empresa comercializa o seu sistema, com as melhorias desenvolvidas

Percebeu? A instituição de ensino presta uma consultoria gratuita em metodologia de ensino, para que o sistema seja comercializado depois, com as mesmas ferramentas.

Talvez esteja exagerando um pouco na abordagem, mas é algo a se pensar nessas empresas, será que esse modelo de negócios deve perdurar?

Se você trabalha com EAD ou tecnologia educacional, recomendo a leitura completa do artigo.

A melhor opção é escolher um LMS aberto ou pago para EAD?

Sempre que uma instituição de ensino pretende usar aulas semipresenciais em suas aulas, como as instituições de ensino superior que podem usar até 20% da sua carga-horária em aulas a distância, uma dúvida sempre surge; qual é o sistema LMS que deve ser escolhido? O nosso mercado de sistemas como esse não é muito diferente do americano ou europeu, existem várias opções na área de ferramentas fechadas como o famoso Blackboard ou abertos, como o igualmente famoso Moodle ou o pouco conhecido, mas excelente Sakai.

Qual a melhor opção?

A resposta para essa pergunta é difícil, geralmente quando alguém me pergunta isso, geralmente recebe outra pergunta como resposta; o que a instituição quer?

Lim public lecture 1

Se você for leitor aqui do Blog, deve saber que sou defensor do Moodle como plataforma LMS, pela sua natureza aberta e também devido a sua grande quantidade de recursos, mas não significa que ele seja a solução para todas as instituições de ensino.

O objetivo e planejamento da instituição de ensino são fundamentais para a escolha do sistema, por isso gosto de analisar dois cenários diferentes, envolvendo instituições com planejamento o objetivos distintos, para mostrar quando é interessante usar um LMS fechado e pago.

Vejamos a situação da instituição 1:

  • Metodologia EAD: Indefinida
  • Avaliação nas aulas: Os alunos são avaliados por amostragem
  • Critérios de avaliação: Indefinidos, a instituição pode se adaptar ao que o LMS oferece
  • Conteúdos EAD: Terceirizados
  • Equipe de TI: A infra de TI é totalmente terceirizada, sem nenhuma pessoa fixa na instituição

Agora a instituição 2:

  • Metodologia EAD: Bem definida, baseada em aprendizagem baseada na resolução de problemas
  • Avaliação nas aulas: Todos os alunos devem ser avaliados, mediante diferentes atividades
  • Critérios de avaliação: A instituição tem critérios próprios para aulas EAD, o LMS precisa se adaptar a instituição
  • Conteúdos EAD: A instituição determina os conteúdos próprios e personalizados para seus alunos
  • Equipe de TI: Equipe de TI própria, para dar suporte a TI na instituição

Na comparação entre as duas instituições, a primeira se enquadra melhor nas características de uma instituição de ensino que precisa de um LMS pago. Pois, esse tipo de sistema oferece hospedagem e suporte inclusos no contrato. Sem equipe de TI e critérios bem definidos, a experiência dos alunos e professores será mais genérica, se adaptando ao que o sistema oferece para suas aulas na internet.

Já a instituição 2, parece mais decidida a controlar em detalhes o processo completo de ensino pela internet, portanto um sistema LMS aberto se encaixa de maneira mais adequada aos objetivos da instituição. Se o sistema não oferecer o que for necessário, a instituição pode muito bem desenvolver as ferramentas necessárias para a aplicação dos seus critérios.

Qual instituição é melhor? Na verdade, não existe situação correta ou errada. Ambas as instituições estão se adaptando a situações corriqueiras as suas respectivas realidades.

E você, qual seria a melhor opção para cada uma das instituições?

Como migrar conteúdo educacional em sistemas EAD?

O que fazer quando é necessário migrar o conteúdo de um curso a distância, para outro sistema LMS? Isso se caracteriza como uma das maiores aflições de muitos designers instrucionais e gestores EAD. Uma coisa que aprendi com a experiência, ao longo dos últimos anos, envolvido com sistemas de apoio ao aprendizado a distância, é que não há migração sem perda de dados. Mesmo com ferramentas modernas e robustas como o Moodle, com opções próprias para fazer backup dos cursos e material de apoio, sempre se perde algo na migração.

Essa migração pode ser de versão, que é menos traumática ou de sistema LMS que é o pior tipo de transição que um conteúdo pode sofrer, sendo necessário às vezes adaptar o material para um ambiente totalmente novo.

lost files

Se você está para passar por esse tipo de situação, montei uma pequena lista de coisas que você ou sua equipe podem fazer, para evitar transtornos na migração de conteúdos. A lista pode conter alguns itens óbvios, mas acredite em mim quando digo que mesmo o óbvio faz falta, quando ao restaurar algum tipo de conteúdo, você percebe que perdeu alguma coisa e não sabe como era o material.

Então, vamos à lista de recomendações:

  • Tenha o conteúdo sempre em dois formatos: A maioria dos sistemas LMS, permite que o conteúdo fique armazenado no formato HTML, para consulta dos alunos. Nesse caso, sempre mantenha uma cópia segura desse material, seja ele texto ou imagens em seu servidor ou computador. Assim, caso aconteça algum tipo de problema, será possível copiar e colar o texto de maneira rápida. Para arquivos PDF, DOC ou PPT uma cópia simples do conteúdo já basta.
  • Faça backups do seu LMS com dia e hora marcada: Quanto mais automatizado for o processo, menor é o risco de depender de uma pessoa que esqueça o backup.
  • Use uma ferramenta de captura, para gravar a interface do curso: Essa é uma dica valiosa, geralmente uso uma ferramenta como SnagIt da Techsmith para capturar a interface completa do curso ou disciplina. Assim posso consultar uma imagem da interface, com toda a organização e seqüência dos conteúdos, mesmo sem o sistema online. Esse tipo de prevenção já me salvou inúmeras vezes!
  • Faça uma restauração de teste no seu LMS, para verificar possíveis partes do curso que se perdem no backup: Será que isso é possível? Alguma parte do curso pode ficar de fora? Sim, algumas vezes pequenas partes e conteúdos de texto, como sumários de tópicos podem ficar de fora do backup. Por isso, a imagem com a interface do curso ou disciplina é importante, para restaurar esse tipo de conteúdo.

Parece óbvio, não é?

Com essa pequena lista de tarefas, acredito que será mais difícil perder conteúdo em sistemas LMS, qualquer que seja o ambiente adotado pela sua instituição de ensino. Minha experiência é maior com o Moodle, mas como já conversei com outros designers instrucionais sobre o assunto, os mesmos já passaram por apuros no Blackboard e em outros sistemas também.

O que você está esperando? O quanto antes começar a se preparar melhor!

Mais uma universidade migra para o Moodle

Não é novidade para ninguém, quando sou questionado sobre o melhor sistema LMS para uma instituição de ensino, a resposta é categórica; Moodle! Aqui no Brasil, esse ainda é um assunto polêmico, pois os chamados softwares livres, que são associados com ferramentas gratuitas não são bem vistos por instituições de ensino privadas. Elas ainda preferem pagar pequenas fortunas, para terceirizar o serviço com empresas que vendem um “pacotão”, com sistema LMS e uma suposta metodologia EAD. Mas, existe uma luz no fim desse túnel, pois existe um movimento muito forte, de universidades mundo afora migrando para sistemas abertos como o Moodle.

Sempre que sai uma notícia relacionada com isso, guardo para apresentar em futuros projetos de implantação, para apresentar como documentação de apoio.

Sharjah University City in the morning - "Uni-Stadt" in Sharjah am Morgen

Agora foi a vez da universidade da Louisiana, nos EUA. Eles estão em processo de migração para a plataforma Moodle, e segundo essa notícia veiculada no web site da universidade, eles estão sendo acompanhados de perto pela empresa responsável pelo último LMS da instituição, o difamado BlackBoard.

No artigo, o pessoal responsável pelo setor de tecnologia educacional, fala que eles ainda não estão 100% certos da migração, mas que as expectativas são muito promissoras.

Qual a maior vantagem em usar o Moodle? Não é a metodologia, segundo o artigo o pessoal da universidade está mais animado com a possibilidade de desenvolver as suas próprias ferramentas, com necessidades específicas da instituição de ensino. Eles já haviam solicitado a Blackboard o desenvolvimento de várias ferramentas específicas, mas sem nenhuma resposta. A natureza aberta do Moodle permite que a própria instituição de ensino faça as adaptações.

Mas e os custos? O valor que era pago em licença, agora é destinado à equipe de suporte, para a personalização e adaptação do Moodle!

Essa não é a primeira e nem será a última instituição de ensino a fazer essa migração, o caminho é inevitável. Será o fim dos sistemas LMS proprietários? Não sei dizer ao certo, mas com certeza essas empresas devem passar por profundas mudanças nos seus modelos de negócios, caso queiram continuar inseridas no mercado de tecnologia educacional.