Como medir o aprendizado usando o método de Kirkpatrick

Uma das dúvidas que mais encontramos em ambientes relacionados com o planejamento de projetos educacionais é a mensuração de resultados. Como saber se o treinamento foi um sucesso?

Existem diversas métricas que podem ser usadas para esse tipo de avaliação. Em design instrucional é comum usar o método de Kirkpatrick, que divide a avaliação em quatro níveis.

método de Kirkpatrick

Cada nível representa um degrau no nível de aproveitamento de qualquer iniciativa educacional.

  • Nível 1: Reação – Nesse estágio você consegue dos participantes a percepção de que o material usado no treinamento foi relevante e bem planejado. A impressão é de que o conteúdo é útil.
  • Nível 2: Aprendizagem – Depois de entender que o material educacional foi bem executado, as pessoas efetivamente memorizam e adquirem o conhecimento necessário.
  • Nível 3: Comportamento – Aqui temos a aplicação direta dos conhecimentos passados ao longo do treinamento nos seus ambientes de trabalho.
  • Nível 4: Resultados – No último nível você consegue atingir os resultados desejados pelo material educacional. Você pretendia ensinar uma pessoa como fazer a construção de uma casa? Aqui ela efetivamente termina a construção de maneira correta.

O mais comum nesse tipo de avaliação é chegar ao nível dois com a maioria dos alunos envolvidos. Atingir o nível quatro é o ideal, mas existem diversos complicadores que dificultam a obtenção desse resultado.

O novo acordo ortográfico para professores?

O ano já começou e com ele os professores ganharam mais um item na sua já vasta lista de problemas, para lidar com seus alunos; o novo acordo ortográfica. O problema não é a natureza em si do acordo, mas os problemas que os docentes precisam enfrentar, pois agora temos duas regras ortográficas válidas para algumas palavras pelos próximos 3 anos. Para as pessoas envolvidas com o ensino ou correção do português, o problema será ainda maior, pois em alguns casos os alunos podem misturar ambas as regras em um texto, mesmo sem que isso seja um ato intencional o docente terá que separar, os erros corriqueiros de ortografia com a falta de conhecimento mesmo.

Peace and quiet

Mas, afinal qual o problema com isso? O problema mesmo é que os alunos antes erravam por desconhecimento das normas, mas agora alguns deles que antes escreviam errado, automaticamente passam a escrever na grafia correta. Os professores podem esperar uma enxurrada da reclamações e desculpas como “essa palavra está na grafia correta”. Como evitar esse tipo de confronto?

Para o pessoal do ensino superior que geralmente não trabalha mais com o ensino da língua portuguesa, não há muito o que fazer. Mas, os colegas do ensino médio podem conversar com seus alunos e tentar fechar um acordo sobre o acordo ortográfico. A melhor maneira mesmo é migrar de uma vez só para a nova ortografia, que modifica menos de 0,5% das palavras.

E os casos extras? Quando um aluno ficar prejudicado por 0,5 ponto e for para recuperação ou pior ainda, reprovar uma disciplina? Nesse ponto o contrato pedagógico se torna ainda mais importante, em que o professor deve expor as regras para a sua avaliação e como esses casos são abordados. O diálogo com os seus alunos no início do semestre podem e devem servir para preparar a todos para esses problemas, que certamente devem aparecer no final do semestre.

Aproveite o mês de Janeiro para revisar o seu contrato pedagógico e adicionar esses e outros pontos ao texto, que possam ajudar na resolução de problemas como esse. A maioria das instituições de ensino começa as suas atividades apenas em Fevereiro, portanto ainda temos mais de 3 semanas para refletir sobre o assunto.

Blog como atividade acadêmica no Moodle

Você já ouviu falar sobre o Google Summer of Code? Essa é uma iniciativa do Google que oferece prêmios em dinheiro, para estudantes de informática que estão de férias durante o verão no hemisfério norte. Boa parte dos esforços desses estudantes está direcionada a criação de novas funcionalidades e ferramentas, para softwares de código aberto. Nesse ponto, temos uma influência direta na área de educação! Sim, o Moodle como LMS de código aberto, nos últimos anos tem participado ativamente do Summer of Code e esse ano não foi diferente.

Funciona assim, um estudante submete um projeto para a comissão do Summer of Code e ele pode ou não ser aprovado. Nesse ano o Moodle teve 12 projetos aprovados. Se você tiver curiosidade em conhecer a lista completa (em inglês), visite esse endereço.

Google SoC logo

Tomei a liberdade de traduzir o título de alguns dos projetos:

  • Blog como atividade
  • Relatórios sobre notas animados
  • Novo tema personalizável
  • Biblioteca de feeds
  • Módulo de rastreamento de competências dos alunos
  • Identificando e solucionando problemas de usabilidade

Essa é apenas uma lista parcial, omiti os itens relacionados com o desenvolvimento.

Na sua maioria os itens são direcionados para a melhoria das funções administrativas do sistema, mas uma deles me chamou a atenção, o projeto que envolve a melhoria do Blog.

Hoje o Moodle já possibilita o uso de Blogs por professores e alunos dos cursos, mas eles servem apenas como ferramentas de comunicação. O objetivo do projeto é transformar o Blog em uma atividade, com a possibilidade de usar a experiência para avaliar o conhecimento do aluno.

Isso é fantástico! As possibilidades para cursos mais longos são excelentes, como o acompanhamento dos professores no desenvolvimento gradual do aprendizado dos alunos. Por exemplo, um professor pode passar um trabalho de pesquisa, no qual o aluno precisa falar sobre vários assuntos durante as próximas semanas, sendo que o aluno publica seus textos diretamente no Blog. Então, aos poucos o professor vai avaliando e atribuindo notas a freqüência de publicação e qualidade dos textos.

Ainda é cedo para fazer qualquer tipo de avaliação sobre o projeto, até porque ele pode nem ser finalizado. Tudo depende do empenho da pessoa responsável pelo projeto. Mas uma coisa é certa, usar esse tipo de recurso como atividade exige que professores e alunos se adaptem a essa realidade; ferramentas colaborativas devem ser usadas para educação!

O Moodle já tinha Wikis como atividade, com a possível inserção de Blogs ele se consolida ainda mais como rede social voltada para educação.

Recursos para aula: Base de perguntas para avaliação

Depois que os professores tem o primeiro contato com sistemas de educação a distância, como o próprio Moodle, eles percebem que tem uma ferramenta poderosa, para automatizar algumas tarefas. Por exemplo, aplicar questionários de múltipla escolha, como ferramenta para validar o aprendizado ou a interpretação de algum tipo de texto, começa a fazer parte do cotidiano do trabalho desse professor. O problema é criar um banco de perguntas, com as respectivas respostas para aplicar nas suas aulas. Tenho sempre a mesma dificuldade inicial, com professores que começam a trabalhar com esses sistemas, mas não imaginam o trabalho que dá elaborar essas perguntas.

Apesar de parecer difícil, a tarefa é realizada apenas uma vez. Nos outros semestres as suas perguntas já estão prontas, então é só aproveitar o seu banco de testes e avaliações. Apesar de ser trabalhoso, podemos usar alguns recursos na web para ajudar a compor esse banco de perguntas.

Bloco de perguntas

Caso você não saiba, existe um banco de perguntas e respostas muito bom na web, chamado de FlashcardExchange. Lá podemos encontrar várias perguntas, com as respectivas respostas publicadas por professores das mais diversas áreas.

Por exemplo, quem ministra aulas sobre história da arte ou economia, pode encontrar no sistema uma categoria que reúne apenas perguntas relacionadas com os dois temas. Além de mostrar as perguntas e respostas, o sistema permite que você use o material para estudar. Podemos visualizar apenas as perguntas, para ir respondendo mentalmente ou no papel. Depois é possível visualizar as respostas, que como são dissertativas podem varias. Junto com as respostas, podemos visualizar o tempo que gastamos para chegar às respostas.

Essa é uma ótima base para calcular o tempo médio, gasto pelos seus alunos. O sistema ainda disponibiliza um tipo de inscrição paga, que oferece serviços extras, mas é possível aproveitar o conteúdo fazendo uma conta gratuita. Ele é na sua essência uma rede social de professores e pesquisadores.

Existem perguntas para educação fundamental, ensino médio e superior. Então qualquer professor pode aproveitar o conteúdo do sistema. Claro que tudo está em língua inglesa, mas para professores isso não é problema, pelo menos não deveria ser.

Glossário: Recurso ou atividade para avaliação?

A diversidade e variedade dos recursos disponibilizados por um bom LMS, como o Moodle, podem ser a salvação de uma estrutura em EAD com pouca interação. Mas pode ter um efeito contrário em professores ou planejadores de disciplinas, que não estejam preparados para trabalhar com tantos recursos. Vamos usar como exemplo o próprio Moodle, que disponibiliza um recurso chamado glossário. Ele pode servir tanto para o professor apresentar conteúdo, ou para que os alunos demonstrem conhecimentos em atividades práticas. O problema é encaixar isso dentro de uma aula.

Glossário

Um glossário pode servir como base de consulta para os alunos, então ele é quase um dicionário. Seria muita pretensão imaginar que os alunos poderiam aprender algum conceito ou assunto complexo, apenas lendo os termos técnicos. A melhor opção é usar o recurso como apoio nesse caso.

No Moodle e em outros sistemas LMS, existe a possibilidade do professor criar um glossário que permita a colaboração dos alunos. Então, com um planejamento prévio, o professor pode elaborar uma atividade, em que os alunos individualmente possam adicionar termos ao glossário. Todas as contribuições dos alunos podem ser avaliadas, inibindo o famoso copiar e colar.

O ideal para que tudo fique bem organizado é que você faça um planejamento prévio antes de implementar a atividade. Eu já fiz isso e o resultado foi ótimo. Veja alguns pontos importantes que devem ser observados no uso desse tipo de recurso:

  • Cada aluno só pode adicionar um número limitado de termos
  • Esse deve ser um trabalho individual
  • Deve haver um período de tempo fixo, para que os termos sejam adicionados ao glossário
  • Sempre crie um glossário separado para essa atividade, nunca misture com o glossário geral da sua disciplina

Tenha cuidado com o prazo, ele é fundamental para o sucesso da atividade. Caso ele não exista, os alunos não ficam estimulados a participar. Com um prazo bem calculado, eles têm tempo de pesquisar e participar.

A melhor parte desse tipo de atividade é que o professor pode começar a fazer um banco de definições, para aproveitamento em futuras disciplinas.