Qual o valor educacional do Twitter?

O ecossistema de tecnologias e recursos em que a maioria dos cursos EAD está envolvido sofre transformações e ajustes constantemente. Sendo que algumas novas tecnologias que parecem revolucionar a maneira com que as pessoas se relacionam na web, sempre resultam em desafios para professores e designers instrucionais na adaptação de aulas e metodologias, para adaptar os cursos aos novos sistemas. Um dos mais recentes ambientes em que os alunos estão inseridos, muito devido a uma exposição excessiva da mídia é o Twitter. O sistema de microblogs está fazendo muito sucesso hoje, sendo mais um canal de comunicação e relacionamentos entre pessoas.

A pergunta que devemos fazer sobre o Twitter é: qual o valor educacional desse sistema? Se é que ele existe.

Como base para comparação, podemos abordar o uso de blogs para educação que já estão inseridos nesse contexto educacional há um bom tempo. Os blogs são ferramentas poderosas para professores e tutores, e muitas pessoas se questionam se é possível migrar para o Twitter e fazer o mesmo tipo de abordagem com os alunos.

Twitter's

Como forma de abordar o uso do Twitter e blogs, podemos fazer uma comparação entre os recursos oferecidos por cada um dos sistemas/ambientes. Para facilitar a comparação, vamos usar os seguintes critérios para análise:

  • Texto
  • Uso de imagens
  • Uso de multimídia
  • Consulta ao histórico
  • Organização e classificação
  • Manutenção
  • Interação e diálogo

O primeiro a ser analisado é o blog:

  • Texto: Os blogs não apresentam nenhum tipo de restrição a quantidade de texto usado pelo professores, o que permite usar o sistema para qualquer tipo de descrição ou explicação envolvendo grandes quantidades de texto.
  • Uso de imagens: O uso de imagens e figuras é livre nos blogs, sendo que até nos sistemas gratuitos é possível enviar imagens para o sistema, sem a necessidade de usar artifícios para hospedar os arquivos em outros locais.
  • Uso de multimídia: Aqui também não há restrição de uso, mas o editor do blog precisa ter conhecimentos de html para colar os códigos necessários para mesclar os conteúdos no texto.
  • Consulta ao histórico: Os textos do blog são organizados em ordem cronológica, o que deixa mais fácil de acompanhar os textos.
  • Organização e classificação: A organização dos conteúdos pode ser realizada por categorias, tags ou mesmo em meses específicos.
  • Manutenção: Dependendo de como o blog é hospedado, a manutenção pode ser um desafio para pessoas sem conhecimentos técnicos.
  • Interação e diálogo: Os textos do blog podem permitir que os leitores publiquem comentários sobre o conteúdo apresentado no texto, se transformando em um mini fórum de discussão.

Agora analisando o Twitter:

  • Texto: Qualquer texto publicado no sistema só pode ter 140 caracteres.
  • Uso de imagens: Por padrão, não é possível usar imagens. Apensa links para lugares que hospedam a imagem de maneira externa.
  • Uso de multimídia: Assim como nas imagens, o material multimídia deve ser indicado por links.
  • Consulta ao histórico: Os textos são organizados em ordem cronológica, mas não há classificação específica. Os leitores podem fazer consultas por pesquisa textual.
  • Organização e classificação: Não há maneira simples de classificação como os blogs.
  • Manutenção: Não é necessária nenhuma manutenção, pois a hospedagem é feita nos servidores do próprio Twitter.
  • Interação e diálogo: Aqui existem uma grande diferença para os blogs. Os usuários podem citar outras pessoas nos comentários, como se fosse um diálogo. Também é possível enviar mensagens privadas entre usuários.

A comparação não tem como objetivo dissecar os serviços, mas mostra que para fins educacionais os blogs ainda não podem ser superados pelo Twitter. Os professores tem muito mais liberdade de organizar e publicar conteúdos do que no serviço de microblogs. O Twitter fica mais como uma ferramenta de comunicação rápida, que serve apenas para isso mesmo. Seria algo como comparar o uso de textos mais longos e trabalhados com o SMS do celular. É uma coisa útil, mas apresenta as suas limitações.

E você já fez a sua conta no Twitter? Se já fez, pode seguir o meu Twitter Allan Brito.

Novos recursos e opções em desenvolvimento para o Moodle: acesso offline para alunos

O Moodle está para receber várias novidades muito interessantes oriundas do projeto Google Summer of Code, que devem ajudar ainda mais os gestores e alunos que usam o sistema para cursos a distância. Os projetos do Google Summer of Code devem ser encerrados agora em Agosto, o que projeta a disponibilidade desses recursos para lançamentos e atualizações do Moodle realizadas a partir de Setembro desse ano. Mas, que recursos são esses? Alguns desses projetos já haviam sido comentados aqui no Blog, mas de maneira superficial. Hoje vamos dedicar a discussão a um desses projetos em particular, que deve transformar a experiência dos alunos e minimizar uma das maiores dores de cabeça dos gestores de cursos EAD.

Quem já não teve um aluno que justificou a falta de alguma atividade no Moodle ou outros sistemas de ensino pela internet, com o fato da sua internet ter “caído” durante a realização do exercício? Bem, esse é um tipo de justificativa que só perde em termos de freqüência para o uso de um vírus que apagou o computador todo!

OMG the internet is crashing....

Um dos projetos que está sendo desenvolvido para o Moodle, pretende fazer a integração da ferramenta com o Google Gears. Esse é o software do Google que permite integrar aplicativos que funcionam com base em internet com opções para trabalhar offline, sem o uso da internet. Imagine a seguinte situação: o aluno pode fazer um questionário ou atividade no Moodle, e mesmo que a sua conexão com a internet seja interrompida, o aluno pode continuar fazendo o questionário sem maiores problemas. Depois de finalizar o exercício, o aluno pode tentar ficar online novamente e assim sincronizar o resultado do questionário com o servidor que hospeda o Moodle, tudo isso habilitado pelo Google Gears.

Esse será o fim das desculpas dos alunos que usam as dificuldades em usar a internet como justificativa para perder atividades no Moodle. O recurso é uma ajuda interessante, principalmente no contexto da realidade brasileira, em que a inclusão digital ainda é uma realidade distante para a maioria dos nossos alunos, que conseguem adquirir o primeiro computador mais ainda usam a internet discada para seus estudos. Isso acaba resultando em economia também, pois as atividades podem ser copiadas para o computador e com a internet desconectada, o estudante pode realizar as suas atividades sem se preocupar com a conta no final do mês.

Para saber mais sobre esses recursos em desenvolvimento para o Moodle, visite esse endereço. É possível inclusive visitar ambientes de teste para essas novas funcionalidades do Moodle.

Alguns erros comuns em projetos de cursos EAD

Os motivos que geralmente fazem um curso a distância fracassar, geralmente são parecidos em todos os casos, pois são fruto da falta de experiência ou planejamento da instituição de ensino ou do desiger instrucional. Um dos motivos mais comuns está relacionado com o baixo investimento em tutoria, e não estou falando de investimento financeiro, mas sim da baixa importancia que a tutoria tem nos cursos.

Como sempre é bom relembrar os principais motivos que fazem esses cursos fracassar, recomendo a leitura desse artigo listando esses motivos para a falta de sucesso dos cursos. O texto está em inglês, mas ainda assim quase todos os aspectos abordados no artigo se aplicam a realidade das nossas instituições de ensino e projetos de curso.

horizontal

Esse é um breve resumo do conteúdo apresentado no artigo, com alguns comentários.

  • Depois que o curso for lançado, ele não precisa mais de suporte: Muitas instituições de ensino acham que um curso pela internet, pode sobreviver sem nenhum tipo de manutenção, o que é um absurdo. O funcionamento desse tipo de iniciativa é semelhante aos cursos presenciais, eles precisam de acompanhamento constante.
  • Ignorar o público-alvo: No projeto do curso é necessário antes de qualquer planejamento, identificar e mensurar o público-alvo, para que as iniciativas e material didático possa ser planejado especificamente para essas pessoas.
  • Não se preocupe com o material didático: Os cursos EAD são basicamente fundamentados em auto-estudo. O que faz o material didático parte fundamental de qualquer iniciativa de aprendizagem pela internet. Deixar esse tipo de
  • Não escolher de maneira adequada o LMS: Essa é uma parte do planejamento em que muitas instituições de ensino acabam sacrificando um bom design instrucional, com a escolha de um LMS deficitário. Antes de fazer a escolha do sistema, faça pesquisas e procure se informar sobre a opinião do sistema escolhido para fazer comparações com a aplicação em outras instituições.
  • Não é necessário ensinar aos alunos como funciona o sistema LMS: Com o LMS definido é hora de ensinar aos alunos os procedimentos necessários para usar o sistema. Não assuma que a interface é intuitiva, ensine tudo que os alunos precisam aprender. O erro mais grave que um projeto pode cometer é assumir que os alunos já conhecem alguma coisa.

Para conferir mais alguns itens, com comentários mais abrangentes do tipo mito vs. realidade, visite o artigo original.

A lista mostra alguns problemas que podem ser facilmente evitados e contornados com simples planejamento. Por isso é que a equipe de design instrucional precisa planejar e simular os ambientes em que o curso deve ser oferecido. Se os alunos ou laboratórios da instuição de ensino, não oferecerem condições para material didático multimídia a solução é investir em texto.

Um bom LMS é fundamental também, mas é necessário planejar a oferta do curso e também o fechamento dele. É importante simular o fechamento das notas ou resultados, para verificar os relatórios emitidos por esse LMS, para evitar problemas e atrasos na emissão das notas.

Qual o fator mais importante? Bem, acredito que falta de orientação para os alunos é a pior de todas. Se as pessoas não conseguem usar o seu sistema LMS, para localizar os conteúdos e recursos do curso não é possível nem dizer que o projeto falhou, pois ele sequer começou. Antes de qualquer coisa é necessário presumir que os alunos não sabem absolutamente nada! Presumir que as pessoas já conhecem alguma coisa, significa começar errado.

Até que ponto o aluno deve ter controle sobre o aprendizado?

Hoje pela manhã estava lendo mais um artigo sobre educação a distância quando me deparei com um assunto que é ao mesmo tempo, vital de ser compreendido por todos que trabalham nessa área, como é um dos diversos desafios para os alunos que não têm experiência com esse tipo de ensino. O artigo fala sobre o nível de independência que um aluno deve ter em cursos a distância, seja pela internet ou mediante outras mídias assíncronas. O estudo por ambientes assíncronos, em que não há interação com professores ou tutores é o tipo mais utilizado de ambiente nas instituições de ensino que usam EAD no Brasil.

A maioria das atividades são realizadas na internet, sem a presença de um tutor ou professor para auxiliar o aluno. Por um lado, as pessoas que conseguem se adaptar a esse tipo de ambiente, conseguem atingir um incrível nível de independência, que é o grande diferencial dos alunos participantes de cursos EAD. Já o outro lado dessa moeda, abrange os alunos que fazem cursos EAD pelo baixo valor das mensalidades, mas não estão muito interessados nesse tipo de vantagem, apenas na economia da mensalidade.

5th floor study area and computers

O resultado? Muitos alunos insatisfeitos e contribuindo para disseminar a “baixa qualidade” dos cursos.

Claro que existem cursos bons e ruins, até no ensino presencial é assim.

Mas, o aluno deve ou não ter autonomia total? O artigo, que pode ser consultado nesse link, aborda muitos pontos de vista e indica vários autores que comentam o assunto. A conclusão do mesmo é positiva, o aluno deve ter autonomia sobre seus estudos e aprendizagem.

Esse é um conceito moderno e até mesmo liberal de aprendizagem, mas deve ser adaptado às realidades de cada instituição. No nosso país, as instituições de ensino superior formam o local em que as deficiências dos alunos, ao longo do ensino fundamental e médio “explodem”. Nos casos das instituições que ministram cursos EAD, essa explosão é potencializada e muito maior.

Quando o aluno descobre que precisa ler os conteúdos e que nenhum professor vai explicar para ele os assuntos, as dificuldades começam a aparecer. As competências fundamentais como interpretação de texto, organização e raciocínio lógico acabam fazendo falta nesses momentos.

Qual a solução? O aluno deve sim ter autonomia, mas com um pouco de direcionamento, seja por um plano de estudos ou outro documento, que explique e oriente os alunos no aprendizado. Além do conteúdo da disciplina, ainda precisamos ensinar a aprender.

Moodle em dispositivos móveis e internet nas universidades

A maioria das pessoas e profissionais envolvidos com educação a distância não se importa muito com o chamado m-learning ou mobile learning. O motivo? Esse tipo de tecnologia não emplacou nem com conteúdo de entretenimento, o que dirá com material educacional. As telas usadas para exibir textos para leitura são pequenas e o acesso aos serviços de internet móvel são absurdamente caros aqui no Brasil. Com o surgimento de celulares com interfaces mais apropriadas a navegação, assim como a disponibilidade de pontos de acesso a rede sem fio, em lugares públicos como mercados e shopping centers, o aprendizado móvel pode enfim se tornar uma realidade.

Vejam esse exemplo antigo, de como seria a navegação no Moodle em dispositivos móveis:

O simples fato de o aluno precisar usar vários cliques e interações com o celular, para poder navegar entre as diversas páginas do Moodle seria impraticável.

Mas, as novas ferramentas e possibilidades de acesso móvel, permitem até mesmo que estudantes possam usar aquele tempo perdido em filas nos mercados, para tentar responder exercícios e estudar. Sei que esses ambientes não são apropriados para concentração, mas é a desculpa perfeita para as pessoas que realmente não tem tempo, como os alunos que optam pelo EAD.

Mas só os alunos de iniciativas relacionadas com EAD podem se beneficiar? Na verdade, todas as instituições de ensino pode se beneficiar com esse tipo de estudo móvel. Todas as universidades e faculdades que conheço não investem mais em laboratórios de informática, devido ao alto custo em manter um grande parque tecnológico, mesmo com fins educacionais.

Imagine a seguinte situação, ao invés de investir em computadores a instituição pode usar pontos de acesso sem fio, e estimular seus alunos a possuir e usar dispositivos móveis de acesso. Com isso, os professores podem até mesmo passar atividades online para que os alunos respondam na própria sala. Muita gente não dá 2000 reais em um notebook, mas fica feliz com um celular com esse custo.

Esse pensamento me veio à cabeça, quando estava parado em uma fila e fiquei observando uma pessoa próxima, acessando a internet por uma rede 3G. Essa mesma pessoa estava respondendo a uma pesquisa na internet, nada educacional. Mas, como trabalho com educação a distância e design instrucional, na hora percebi o potencial para usar aquele tipo de tecnologia para educação. E o melhor de tudo é que não será necessário adaptar muita coisa, pois os novos dispositivos usam os mesmos padrões dos web sites “normais”.

Isso não é novo, mas até 3 anos atrás era assunto de ficção científica em termos de EAD no Brasil. Agora já podemos começar a pensar um pouco mais sério no assunto.